“A web torna os aplicativos muito mais interessantes”

Tim Berners-Lee em palestra na Campus Party

Há alguns meses, a revista americana Wired trouxe uma capa polêmica: “A web está morta“. Segundo a matéria publicada na revista, as pessoas estariam utilizando muito mais aplicativos do que navegando em sites. Seria o fim da web como a conhecemos.

No entanto, para o criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, os aplicativos em geral não fazem diminuir a importância dos bons e velhos sites: afinal, é deles que viria a informação que esses aplicativos utilizam. “A web torna os aplicativos muito mais interessantes”, disse ele na Campus Party. Sua palestra, apresentada junto com o ex-vice-presidente americano e ganhador do prêmio Nobel da Paz Al Gore, foi o grande destaque de 18/01 no evento. Se algo deu mais repercussão pelas timelines afora, só a segunda queda de energia em menos de 24 horas (Os campuseiros ficaram sem luz das 3h às 5h25 da madrugada e, depois, das 17h53 às 18h55. Diante de protestos raivosos, a organização reconheceu a falha em não ter geradores e anunciou que já os providenciou).

O ex-vice-presidente americano Al Gore

Tim ressaltou a importância da informação livre na internet e incentivou todos a procurar e compartilhar cada vez mais dados sobre o seu país, sua economia e seu governo. Mas não, nem ele, nem Al Gore se referiam a informações governamentais secretas como as reveladas pelo Wikileaks. Os dados em questão são relacionados a obras ou investimentos públicos, que seriam úteis para a população se não estivessem trancados ou escondidas sob camadas e mais camadas de páginas dentro dos sites oficiais. O criador do WWW acredita que esses dados devem ser liberados e que as pessoas precisam protestar (xingar muito no Twitter vale nesse caso, e em blogs também) caso observem que isso não esteja ocorrendo.

Al Gore, por sua vez, deu outro motivo para valorizarmos a web: “Antes, as pessoas simplesmente se sentavam em frente à televisão e consumiam o que era oferecido. Hoje, as pessoas podem encontrar as informações por si mesmas, focando no que lhes interessa mais”. Essa liberdade, acredita ele, fortalece a democracia e deve ser protegida. “Nunca deixe a internet ser controlada por governos ou corporações”, disse, em meio a aplausos.